Despesas com deslocação de alunos levam autarquias a juntar crianças e restante poupulação nos mesmos autocarros.
Os pesados encargos com a factura dos transportes escolares estão a levar as câmaras municipais a inovar. Algumas estão a optar por fundir o transporte escolar com as carreiras públicas. Outras preferem reduzir o número de autocarros ao serviço das escolas.
Montalegre, que tem "um enorme fardo financeiro", resolveu dois problemas com uma só solução: aproveitou o transporte escolar e transformou-o numa rede pública. É o primeiro município do País a fazê-lo. As populações das várias aldeias do concelho - a maioria até agora sem acesso a transportes públicos - podem assim usar os veículos escolares para as suas deslocações entre aldeias e até à sede concelhia. Aos cinco percursos de carreiras já existentes foram acrescentados mais 20, os escolares.
As 135 localidades do concelho obrigam a autarquia a despender 800 mil euros anuais com o transporte escolar, um custo que é acrescido quando se junta as despesas dos três autocarros da autarquia, que fazem ainda os desdobramentos, em certos dias, as ligações aos centros de saúde.
Segundo o presidente da autarquia, nada havia mais a fazer senão a maximização recursos. "Parecia um absurdo ter transportes, gastar o dinheiro com as carreiras escolares e não fazer serviço público", disse ao DN Fernando Rodrigues. "As pessoas nas aldeias tinham que pagar muito dinheiro para irem ao médico ou tratar de qualquer assunto nos serviços públicos", contou. A autarquia acordou com os operadores "uma rede alargada de transporte público, privilegiando, como determina a lei, a requisição dos passes escolares dos alunos, nestas carreiras".
A solução, salientou, permite "oferecer o transporte aos alunos no tempo normal de aulas, como também nas férias escolares". E o transporte público acaba por beneficiar da " garantia do bom serviço deste transporte", que inclui, por exemplo, a "presença de um vigilante" em cada autocarro.
O encargo global com os transportes "aumenta dez por cento, mas permite às empresas rentabilidade para assegurar o serviço público".
Outros municípios estão a seguir o caminho inverso, colocando os recursos existentes ao serviço dos alunos. Em Melgaço, Braga, os 23 circuitos especiais de transportes escolares passaram a ser feitos com quatro veículos do município, outros quatro com juntas de freguesia e os restantes são efectuados em carreira pública.
Em Vila Nova de Paiva, o autarca, José Morgado, anunciou uma "redução diária de 200 euros no transporte escolar", explicando que apenas irá pagar 30 mil euros de transporte escolar por mês, para sete freguesias.
Mas a oposição critica o método. "Há uma redução de custos porque há a supressão de um autocarro", contou Manuel Custódio, vereador do PSD. "Há alunos que se levantam mais cedo e outros que chegam em cima da hora porque três autocarros são insuficientes para todos.